Pauloquê?

Ter nome diferente complica a vida. Primeiro, porque o nome é diferente. Ele nunca é bonito. É só diferente. “Nossa, que nome diferente!”. Nunca se ouve “Nossa, que nome lindo”, "Que nome chique!", “Vou por esse nome no meu filho”, "Queria ter um nome bonito assim".

Segundo, porque antes de perceberem que é diferente, acham que é um nome comum. “Ahhhh, Paulinho!” ou “Ah, Paulo Ênio!”. Só que meu nome não é comum, é diferente mesmo, foi feito para ser diferente. Minha mãe que resolveu inventar. Vamos respeitar a inventividade, vamos respeitar a mãe dos outros. Ela misturou o nome do meu pai, que é Paulo, com esse tal de Ênio, que ela afirma de pés juntos (e pernas bambas) não conhecer. Voltando ao assunto, ter nome diferente complica muito a vida.

Até tento facilitar. Para vendedores, atendentes e para quem mais não compense repetir meu nome, me chamo Paulo. Fico até pensando que posso ser preso a qualquer momento por falsidade ideológica. Afinal, eu não sou meu pai, Paulo Albuquerque, sou talvez um genérico. Pelo menos o cartão é meu mesmo. Que droga!

Mas sabe... eu gosto do meu nome. Peguei amor a ele. Depois de 23 anos a gente se acostuma. Percebi que o que importa é o interior, o exterior, e até mesmo o posterior. Um nome é só um nome. Um nome difícil é só um nome difícil. Um nome difícil com todas as vogais é só um nome difícil com todas as vogais. Ah, tem isso, me encho de orgulho em dizer que tenho as cinco vogais no nome: P-a-u-L-e-N-i-o. E para completar, ainda me tornei redator.

Retornando mais uma vez ao assunto, ter nome diferente é complicado. Sou um Google aberto, um dos raros paulenios do mundo e até, pasmem, das redes sociais. Então, não sou o único. Sei disso. Alguém na China provavelmente já copiou ou deve, nesse momento, estar copiando meu nome. Imagine: Paulenio Xin Chan. Que belezura! Mas é isso mesmo. Sua diferença só dura até o momento em que você encontra a igualdade. Nossa, de novo: “Sua diferença só dura até o momento em que você encontra a igualdade”. Eita, parece Paulo Coelho. Ai, desaparece, Paulo Coelho!

Enfim, vão continuar me chamando de Paulinho, Paulo Ênio, Paulin, Pauloquê. Que “pau” eu sou? Sou pau pra toda obra. Que já levanta a mão ou responde “presente” na chamada, logo depois do silêncio de quem tenta ler. Que diz “muito prazer em conhecer”, sabendo que vai ter que se reapresentar. Sou simplesmente Paulenio.


Paulenio Albuquerque